sábado, 22 de setembro de 2012

A futilidade dos programas de calouros

Setembro foi ( e está sendo ) o mês de estreia de vários programas de calouro no Brasil e também no exterior, e como eu gosto muito desse tipo de programa acabei acompanhando algumas estreias.

Quem me conhece sabe o quão eu gosto de música, e as vezes até encho o saco com isso. Quando criança, mais ou menos com os meus onze anos, eu ganhei um micro system de presente dos meus pais e aquilo pra mim foi a glória. Isso porque nem sempre se podia ouvir música no som da sala, já que na maioria das vezes tinha alguém vendo tv. Por isso poder ouvir música trancado no meu quarto era um símbolo de libertação pra minha pessoa. Eu pegava TODOS os cds dos meus pais ( dentre eles Alceu Valença, Adriana Calcanhotto, Chico Buarque, Wando e muito outros que faziam minha cabeça ) e passava horas do meu dia escutando e cantando. Somente daquela forma eu atingia o meu nirvana.

O tempo foi passando e minha paixão por música só aumentava. Já tive até uma fase metaleiro, onde eu saia por aí ( escondido, já que minha mãe era muito superprotetora ) vestido de preto e com aquele velho crucifixo pendurado no peito. Hoje gosto de muita coisa e posso citar como meu estilo preferido a nossa música popular brasileira, tão rica e diversificada.

Agora voltando ao assunto dos programas de calouro, a primeira vez que tive contato com um foi com o  extinto FAMA. Confesso que não lembro de muitos detalhes do programa, mas sei que era apresentado pela Angélica e que eu adorava assisti-lo. Já cheguei até a brincar que estava no reality com uma prima minha. Era um horror, não sei quem cantava pior. Depois do FAMA vieram o Pop Star, o Idolos, até chegar nos dias de hoje onde temos como principais programas o X-Factor e o The Voice.

A questão é que o meu amor por esses programas simplesmente diminuiu de forma alarmante nos últimos tempos. Amadurecimento? Claro! Mas tem um motivo em particular. Motivo esse que antes eu não enxergava justamente por imaturidade. E que apesar de eu continuar amando incondicionalmente música, apesar de me arrepiar sempre que sobe alguém ao palco com uma voz tão potente que me faz ficar emocionado, eu não consigo mais assistir a maioria desses programas. O motivo? A futilidade, o imenso desespero de que os produtores tem de conseguir a todo custo audiência. Eu não os julgo por quererem estar no topo, afinal é um programa de tv e eles ganham pelo sucesso que fazem. Mas precisa rir da "desgraça" alheia? Precisa mesmo deixar que pessoas se exponham ao ridículo para que essas mesmas pessoas sejam humilhadas e ridicularizadas em rede nacional? Será que não tem outra forma de fazer um programa de sucesso? Eu penso que sim, há outra forma, e isso foi mostrado na semana passada.

Na ultima quarta, dois programas disputaram a audiência norte-americana. Um era o The Voice, que está em sua terceira temporada, e o outro era o X-Factor que vinha com um  histórico ruim de audiência nas temporadas passadas. O primeiro conta com grandes estrelas como Cristina Aguilera e Adam Levine, já o segundo para tentar driblar a má audiência contratou como jurada Britney Spears. Daí começou o alarde. Só o que se falava na internet era da estreia da princesa do pop como jurada, diversos comercias foram feitos e muitos deles mostravam um temperamento digamos peculiar de Britney. Ela se mostrava mais ativa, firme e muitas vezes arrogante, bem diferente do que costumamos ver em suas apresentações, entrevistas, etc, etc. Então com tamanho investimento o que se esperava era que o x-factor liderasse a audiência norte-americana no horário, porém não foi bem isso o que aconteceu.


No dia de estreia da nova temporada do programa comandado por Simon Cowell o The Voice transmitiria o seu terceiro episódio da nova temporada, o que dava mais vantagem para o X-factor ficar em primeiro. Só que as coisas não correram como o previsto e o The Voice liderou a audiência no horário, o que foi um tapa na cara dos que achavam que o programa do Simon ficaria no topo apenas por ter Britney Spears à frente. A competência do The Voice e a sua preocupação em mostrar o lado bom do talento das pessoas foi o que, na minha opinião, fez com que ele ficasse no topo. Dias antes da estreia do x-factor vazou um vídeo de uma das audições onde o candidato é humilhado por Britney após rebater a critica da também jurada Demi Lovato. No vídeo a "princesa do pop" pergunta quem deixou o candidato subir ao palco e completa dizendo que fica desconfortável com o olhar dele para ela. O participante fica sem palavras de tão humilhado e constrangido e deixa o palco dizendo que não precisa deles. Eu fiquei extremamente constrangido com o ocorrido, e isso só contribuiu ainda mais para que eu não me interessasse em assistir o programa.

Enquanto isso aqui no Brasil acontece o show de horrores do Idolos que, como se não bastasse ter uma equipe de jurados meia-boca e contar com um apresentador sem graça, está pecando e muito em suas edições. É um tédio ver o programa. Poucos talentos são mostrados e percebi que eles estão priorizando bastante àqueles que vão pra lá apenas para fazer graça. Ou seja, mais uma vez expondo pessoas ao ridículo para encima delas ganhar audiência. Mas vai ter gente que vai dizer: "Ah, esse povo vai se expor ao ridículo porque quer!" É, com certeza, não discordo. Mas se o programa fosse mais sério eles fariam uma seleção antes dos participantes irem para as audições, assim como no The Voice é feito, e mostraria na tv apenas o que realmente importa. Mas não, eles preferem que as pessoas passem vergonha em rede nacional, tudo isso pra parecer um programa mais descolado e engraçado. 

Amanhã estreia o The Voice Brasil e eu vou acompanhar porque sei que eles vão usar a mesma fórmula da versão norte americana, e há grandes chances de ser um programa de qualidade, apesar de estar sendo produzido pela rede globo. Por que é isso que eu quero ver, talentos sendo enaltecidos, belas vozes e principalmente qualidade. Se eu quiser rir tem diversos outros meios para isso, onde não se precisa ridicularizar pessoas para se conseguir gargalhadas. Pensem nisso!

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