quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Vazio e o Silêncio


Teus pés tão distantes dos meus, não tão que eu não os possa seguir 
Teus olhos à vastidão do infinito mirar, tanto quanto neles eu possa me perder
Como no rasante das águias que se precipitam do parapeito do infinito
No estranho brilho do inexorável paraíso fugaz que cabe no amor
A condenação e a libertação, o coração e a prisão, o sorriso e o adeus
Eu, você e o abismo entre nós, e tudo mais que possa haver
Conquanto que a tenha, como a vivacidade pungente de borboletas que só vivem um dia
Ter-te, sentir-te, tocar-te a tez, os lábios e os cabelos que sobre teu busto caem
Mas de ti, apenas o silêncio que me grita, excruciante, que me cala, rasga os ouvidos
E por tal, sucumbo, decaio na cratera que sob meus pés se abre lancinante, implacável e cruel
O que fazer se lágrimas não por mim gritarão, nem tua voz que no meu cerne ecoa
Ou o calor dos teus beijos que meus lábios ainda dorme
Ou o teu cheiro que nas fronhas habita
Ou em meu coração cujo vazio não se cala, não se cura, se desvela e vaga errante
Em seu cavalo rocinante a divagar sobre o beijo que nunca te dei.

Quem nunca sentiu o frio do vazio das palavras, dos sentimentos , de nós mesmos?
Como preencher um vazio sem boca, um desejo de vontade própria, cuja saciação é alimentada pela busca e não por seus objetos, tão inexorável e tirano, singelo e mortal é o amor, como em um dia de longas reflexões: 
- o que é o amor?
- amor, o vazio que grita sem voz nos atos.

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