domingo, 30 de dezembro de 2012

GUEST POST: Patriarcalismo e cultura de estupro

E é com muito prazer que venho lhes trazer esse guest post da minha colega Jackeline Lourenço, estudante de 17 anos. A conheço há pouco tempo (na marcha contra a mídia machista), infelizmente, mas muito vem me trazer admiração pelas suas ideias e sua forma de ser (espontânea e maluquinha :-x ) . É incrivel conhecer uma pessoa há tão pouco tempo e já ter essa admiração, espero conhecê-la  mais, pois sei que ela tem muito a contribuir para minha formação como sujeito cidadão crítico. Percebi seu conhecimento e sua desenvoltura após esse belo post que aqui será postado, com isso, com muito prazer, foi feito o convite oficial para que ela seja uma nova escritora desse blog. Blog esse que ainda precisa se afirmar, sei que poucos lerão, mas será um começo, tenho certeza que ele vingará um dia. Confesso que tenho pouco conhecimento do que será postado, por isso não farei comentários, enfim, leiam que é melhor.

1 – o patriarcado tem outro nome

Passados tantos anos desde a revolução industrial, o mundo ainda se encontra em um estado aparente de enguiço onde as máquinas agora se equiparam ao comportamento humano no sentido de evolução. No mesmo lugar onde é absurda a ideia de expansão mental, se instala uma obrigação de fazer uma engrenagem ir além  de seus limites e acabar por controlar o ser humano, como ser pensante. Numa releitura atual, a mídia é a engrenagem e, nós todxs, por nós mesmxs. Essa ideia de “salve-se quem puder” não tem sido pregada, mas sim bastante praticada por feministxs pós-terceira onda. Isso têm a ver com a mudança de imagem que alguns elementos tomaram desde a virada do milênio. Como um dos exemplos, o patriarcado, que antes era puramente representado pelo homem da casa, e agora têm surgido em lugares estranhos e em formatos mais estranhos ainda.  E, assim como é equivocado afirmar que um zeitgeist é completamente incapaz de se manifestar em outra época a diante, é enganoso tomar os mecanismos de defesa de uma época-circunstância anterior e praticá-lo no aqui-agora. A arma para deter o patriarcado agora é outra.

A mídia – em todos os seus formatos – nasceu como uma ferramenta passiva agressiva até se tornar esse turbilhão diário, quase que incessante, de informações multidirecionais. Como uma das grandes fontes lucrativas atuais, a mídia faz com que seu papel seja crucial em nossas vidas, chegando até a se incorporar aos receptores num grau de familiaridade incomum.  Nesse contexto, a imagem da mulher não é tão somente insultada por anúncios que reforçam um determinado padrão de beleza a ser seguido, mas também é atingida pelo exercício de DEPRECIAR a função dela na sociedade, resumindo a mesma a um símbolo de uso – objetificação.  Assim, o movimento social e seus integrantxs são vistxs como neuróticxs e completamente alienadxs por um estereótipo falso da ideologia que responde por tudo ser culpa do tal patriarcado. Esse patriarcado é o-a patrão, a tia, o padre,  bispo, o papa, o-a policial, ou até o corpo docente de uma instituição de ensino que destinado a estimular o pensamento dxs alunxs, acaba por corromper esse mesmo público. O capitalismo agora representa bem esse patriarcalismo que mostra homens e mulheres pensando erroneamente, ou ainda, não pensando. O cenário contemporâneo em que o feminismo e essa corrida tecnológica se intercalam, gera divisões de pensamentos que ora se manifestam contra as consequências dessa repressão camuflada, ora se comportam como conformistas e\ou reacionárixs diante de tantas factoides.

Nenhumx feminista quer transformar PAtriarcado em MAtriarcado, nem  mesmo se o goal fosse a etimologia de gênero, e não a luta contra o papel desigual de ambos na sociedade. Cabe a nós lutar pela igualdade e não dar ouvidos a quem chama isso de utopia.
   
2 – Cultura De Estupro


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Por trás da Marcha -

Tá cada vez mais difícil questionar o poder que as marchas têm hoje em dia quando o assunto é desobediência civil. Sendo esse método de intervenção eficaz ou não, sabemos que não há processo seletivo algum pra quem quer participar dessas marchas. Não há restrição, petição, ou argumentos que te tire a chance de estar no meio de tantxs que querem levantar mais que um cartaz,  mas também a voz por uma causa antiga. Por trás da marcha estão , homens, mulheres, jovens, cadeirantes, straight edges, esquerdistas, ou curiosos atrás de uma experiência. Parte deles gritam alto as palavras de ordem e outra parte caminha junto sussurrando e prestando atenção naqueles que assistem a passeata, como eu mesma já fiz. Essa diversidade HUMANA é “tolerada” quando há um grupo de pessoas que luta por igualdade. Esse momento existe, é presenciado por muitos sem propósitos fictícios ou ideais utópicos. É preciso viver e ver muito pra estar por trás da marcha. Não que seja requisito, mas até que cheguemos ao ponto de atravessar um conjunto de paradigmas e regras e alcançar as ferramentas pra acabar com esse ultraconservadorismo inútil que por dia mata milhares de nós, é preciso mais de mil cabeças pensando, em agir. E é por isso que estamos também, à frente da marcha.

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