E é com muito prazer que venho lhes trazer esse guest post da minha colega Jackeline Lourenço, estudante de 17 anos. A conheço há pouco tempo (na marcha contra a mídia machista), infelizmente, mas muito vem me trazer admiração pelas suas ideias e sua forma de ser (espontânea e maluquinha :-x ) . É incrivel conhecer uma pessoa há tão pouco tempo e já ter essa admiração, espero conhecê-la mais, pois sei que ela tem muito a contribuir para minha formação como sujeito cidadão crítico. Percebi seu conhecimento e sua desenvoltura após esse belo post que aqui será postado, com isso, com muito prazer, foi feito o convite oficial para que ela seja uma nova escritora desse blog. Blog esse que ainda precisa se afirmar, sei que poucos lerão, mas será um começo, tenho certeza que ele vingará um dia. Confesso que tenho pouco conhecimento do que será postado, por isso não farei comentários, enfim, leiam que é melhor.
1 – o
patriarcado tem outro nome
Passados tantos anos desde a
revolução industrial, o mundo ainda se encontra em um estado aparente de
enguiço onde as máquinas agora se equiparam ao comportamento humano no sentido
de evolução. No mesmo lugar onde é absurda a ideia de expansão mental, se
instala uma obrigação de fazer uma engrenagem ir além de seus limites e acabar por controlar o ser
humano, como ser pensante. Numa releitura atual, a mídia é a engrenagem e, nós
todxs, por nós mesmxs. Essa ideia de “salve-se quem puder” não tem sido
pregada, mas sim bastante praticada por feministxs pós-terceira onda. Isso têm
a ver com a mudança de imagem que alguns elementos tomaram desde a virada do
milênio. Como um dos exemplos, o patriarcado, que antes era puramente
representado pelo homem da casa, e agora têm surgido em lugares estranhos e em
formatos mais estranhos ainda. E, assim
como é equivocado afirmar que um zeitgeist é completamente incapaz de se
manifestar em outra época a diante, é enganoso tomar os mecanismos de defesa de
uma época-circunstância anterior e praticá-lo no aqui-agora. A arma para deter
o patriarcado agora é outra.
A mídia – em todos os seus
formatos – nasceu como uma ferramenta passiva agressiva até se tornar esse
turbilhão diário, quase que incessante, de informações multidirecionais. Como
uma das grandes fontes lucrativas atuais, a mídia faz com que seu papel seja
crucial em nossas vidas, chegando até a se incorporar aos receptores num grau
de familiaridade incomum. Nesse
contexto, a imagem da mulher não é tão somente insultada por anúncios que
reforçam um determinado padrão de beleza a ser seguido, mas também é atingida
pelo exercício de DEPRECIAR a função dela na sociedade, resumindo a mesma a um
símbolo de uso – objetificação. Assim, o
movimento social e seus integrantxs são vistxs como neuróticxs e completamente
alienadxs por um estereótipo falso da ideologia que responde por tudo ser culpa
do tal patriarcado. Esse patriarcado é o-a patrão, a tia, o padre, bispo, o papa, o-a policial, ou até o corpo
docente de uma instituição de ensino que destinado a estimular o pensamento dxs
alunxs, acaba por corromper esse mesmo público. O capitalismo agora representa
bem esse patriarcalismo que mostra homens e mulheres pensando erroneamente, ou
ainda, não pensando. O cenário contemporâneo em que o feminismo e essa corrida
tecnológica se intercalam, gera divisões de pensamentos que ora se manifestam
contra as consequências dessa repressão camuflada, ora se comportam como
conformistas e\ou reacionárixs diante de tantas factoides.
Nenhumx feminista quer transformar
PAtriarcado em MAtriarcado, nem mesmo se
o goal fosse a etimologia de gênero,
e não a luta contra o papel desigual de ambos na sociedade. Cabe a nós lutar
pela igualdade e não dar ouvidos a quem chama isso de utopia.
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Por trás da Marcha -
Tá cada vez mais difícil questionar o poder que as
marchas têm hoje em dia quando o assunto é desobediência civil. Sendo esse
método de intervenção eficaz ou não, sabemos que não há processo seletivo algum
pra quem quer participar dessas marchas. Não há restrição, petição, ou
argumentos que te tire a chance de estar no meio de tantxs que querem levantar
mais que um cartaz, mas também a voz por
uma causa antiga. Por trás da marcha estão , homens, mulheres, jovens,
cadeirantes, straight edges, esquerdistas, ou curiosos atrás de uma
experiência. Parte deles gritam alto as palavras de ordem e outra parte caminha
junto sussurrando e prestando atenção naqueles que assistem a passeata, como eu
mesma já fiz. Essa diversidade HUMANA é “tolerada” quando há um grupo de
pessoas que luta por igualdade. Esse momento existe, é presenciado por muitos
sem propósitos fictícios ou ideais utópicos. É preciso viver e ver muito pra
estar por trás da marcha. Não que seja requisito, mas até que cheguemos ao
ponto de atravessar um conjunto de paradigmas e regras e alcançar as
ferramentas pra acabar com esse ultraconservadorismo inútil que por dia mata
milhares de nós, é preciso mais de mil cabeças pensando, em agir. E é por isso
que estamos também, à frente da marcha.
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